Durante toda a minha vida, elas sempre estiveram comigo. Nascemos quase ao mesmo tempo, no mesmo ventre e partimos para uma longa caminhada.
Aprendi com um companheiro, e desde cedo, que as perdas do caminho me faziam maior e mais forte. Este companheiro tem como nome “Envelhecimento”.
Assim, na já tenra idade, eu perdia minhas células envelhecidas do sangue e de todo o meu corpo, todos os dias. Aprendi que perdia muitas das minhas células da pele, em um simples banho…
Envelheço, desde que nasci!
Este companheiro me ensinou a dar valor as coisas do tempo, enquanto eu jogava nas gavetas da memória as boas e más lembranças. E, como bom amigo, o Envelhecimento trouxe para nossa companhia duas amigas lindas: a Sabedoria e a Tolerância.
A Sabedoria me ensinou a evitar os mesmos erros, enquanto me ajudava a realizar meus sonhos e meus planos. A Tolerância me ensinou que eu não devia temer os meus erros.
A Sabedoria me ensinou a evitar as más companhias, como a da Permissividade, irmã gêmea e perversa da Tolerância.
Como os amigos, as vezes “pegam” as manias dos outros, eu comecei a enxergar as coisas da vida também pela ótica do Envelhecimento.
Desde garoto, convivo com este companheiro. Claro que o tempo me permitiu conhecê-lo melhor; e melhor valorizá-lo.
Alguns temiam e temem o Envelhecimento, mas quantas coisas boas ele me proporcionou… E proporciona.
Lembro-me no dia em que, graças a ele, pude entrar no cinema e assistir um filme para “maiores de 18 anos”. Levei comigo uma outra menina linda, a qual ele (o Envelhecimento) me apresentou: a Maturidade. Ela, ainda menina, mais tarde se transformaria em uma linda mulher.
Meu outro grande companheiro é o Fim.
O Fim sempre esteve conosco; comigo e com o Envelhecimento.
O Fim gosta de se apresentar como “Eu sou tudo aquilo que termina e permite o recomeço!”.
E quantas vezes vi, vivi e senti as ações do Fim em minha vida…
O Fim adora “chutar o pau da barraca”; provoca a Maturidade com situações inusitadas e mostra-se sempre disposto a questionar as regras do jogo. O Fim gosta de surpreender…
Foi a Sabedoria que me ensinou que o Fim sempre foi e é, muitas vezes, previsível.
A Maturidade enxergava o Fim como um provocador indispensável que me tirava das zonas de conforto.
No meio do caminho, logo cedo, conheci outra companheira, a Paixão. Dizem que a Paixão é passageira, mas ela só vai embora se você não lhe dá atenção. Paixão está no meu coração, no meu sangue até hoje. Não fosse conviver com a Paixão e o Fim desde garoto, eu seria apenas um ser acovardado e infeliz. Teria medo dos enfrentamentos e das mudanças.
Agora, eu sigo o meu caminho com a mesma cabeça de garoto. Vivo, conectado e atuante!
A Maturidade, de vez em quando, me puxa as orelhas; a Sabedoria me salva de algumas “roubadas”. O Envelhecimento parece ter aumentado o passo; e o Fim, como sempre, deve estar aprontando mais uma das suas…
Assim seja! Viva a Vida!
“Minhas companhias” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
#maisd60 #geraçãop #carreira #idadismo #babyboomers #terceiraidade #idoso #carlossantarem – 13/01/2023